Atualizada em 19/06/2024 É muito importante conversar com as crianças sobre diversidade racial. Trazer este tema é fundamental para promover a aceitação, empatia e compreensão desde cedo ajudando a combater preconceitos e estereótipos, criando um ambiente mais inclusivo e equitativo. Além disso, tais discussões fortalecem a autoestima das crianças de minorias raciais, ao reconhecerem a importância e a riqueza de sua identidade e história.
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Contudo, para as famílias que não conhecem muito sobre o tema ou não se sentem confortáveis ou com propriedade no assunto, não é fácil iniciar uma conversa. É aí que os filmes sobre racismo infantil podem entrar em cena para ajudar.
+10 filmes sobre empatia para as crianças
Qual o papel do filme sobre racismo para crianças?
Filmes e desenhos são cruciais na construção da representatividade para as crianças porque moldam percepções e valores desde cedo. Quando os pequenos veem personagens diversos, que refletem diferentes raças, culturas, e contextos sociais, eles aprendem a valorizar a diversidade e a se sentir incluídas. Isso fortalece a autoestima das crianças de grupos historicamente marginalizados e promove a empatia e a compreensão. Representações positivas ajudam a combater estereótipos, criando uma sociedade mais inclusiva e equitativa.
Essas obras, além de divertir e cativar a atenção, também trazem reflexões importantes sobre inclusão e respeito às diferenças de forma leve, descontraída e didática.
Pensando na importância dos filmes e desenhos contra o racismo na construção da representatividade, fizemos uma lista de sete produções - brasileiras e internacionais - que abordam o tema.
Confira:
10 filmes sobre racismo infantil para assistir com as crianças
1) Vista a minha pele, Joel Zito Araújo & Dandara
Vista Minha Pele é um curta-metragem de Joel Zito Araújo que apresenta uma sociedade onde os papéis raciais são invertidos: os negros são a classe dominante e os brancos enfrentam o racismo e a discriminação. A história segue a jovem Maria, uma menina branca que lida com o preconceito na escola e em sua comunidade.
O filme ensina às crianças a importância da empatia, mostrando como o racismo afeta a vida das pessoas. Ao inverter os papéis raciais, o filme destaca a injustiça e a dor causadas pelo preconceito, incentivando as crianças a refletirem sobre suas próprias atitudes e a importância de combater o racismo em todas as formas.
2) Dúdú e o Lápis Cor da Pele, Miguel Rodrigues
O curta produzido pelos brasileiros Miguel Rodrigues e Cleber Marques ganhou o prêmio de “Best Narrative Short Film Award” no London Arthouse Film Festival.
O filme relata a história de Dúdú, um menino negro de 7 anos que, após ouvir a sua professora de artes usar o termo “lápis cor da pele” durante uma aula de artes, fica confuso pois a cor da sua pele não condiz com a do lápis. Dúdú passou a carregar o lápis, procurando por alguém que se enquadraria nesse padrão de cor de pele e tentando entender a sua própria identidade.
O filme ensina aos pequenos sobre a importância de reconhecer e celebrar a diversidade racial. Ele mostra como pequenas ações podem ter um impacto significativo no combate ao racismo e incentiva as crianças a valorizarem todas as cores de pele e a serem empáticas e inclusivas com todos os colegas, independentemente de suas diferenças.
3) Hair Love, Matthew A. Cherry e Karen Rupert Toliver
Outro filme infantil sobre racismo é a animação "Hair love", que levou o Oscar de Melhor Curta Animado na premiação de 2020. O curta-metragem, narra a história de um pai aprendendo a arrumar o cabelo crespo de sua filha pela primeira vez. A narrativa celebra o amor e a paciência, enquanto destaca a beleza e a importância da cultura do cabelo afro.
O filme ensina às crianças a importância da aceitação e valorização da própria identidade. Ele combate estereótipos ao mostrar a beleza do cabelo afro, promovendo a autoestima e a empatia, e destacando a importância da representatividade positiva na mídia.
Aqui, você consegue ver o filme dublado.
4) ANA, Vitória Felipe dos Santos
Mais um curta-metragem brasileiro, “ANA”, retrata a história de Ana, uma menina preta que não se reconhece como petra, e Jeannette, professora refugiada que sente dificuldades em se adaptar ao Brasil. Vítimas de racismo e preconceito, elas descobrem juntas um modo de transformar a si mesmas.
O filme ensina às crianças a importância de combater o racismo através da empatia, compreensão e valorização da diversidade. Ao mostrar a realidade vivida por Ana, o curta-metragem promove a conscientização sobre a injustiça racial e incentiva a construção de um ambiente mais inclusivo e respeitoso.
5) Meu nome é Maalum
Meu Nome é Maalum é um curta-metragem dirigido por Luísa Copetti. O filme conta a história de Maalum, uma menina preta brasileira que cresce em um lar amoroso e com fortes referências sobre sua descendência afro. Quando Maalum começa a frequentar a escola, ela enfrenta o preconceito e a discriminação de seus colegas que riem do seu nome de origem africana. Com o apoio de sua família, Maalum descobre o significado de seu nome e transforma sua tristeza em orgulho por sua ancestralidade.
O filme ensina às crianças a importância de valorizar e respeitar a diversidade cultural e étnica. Ele destaca como o conhecimento e o orgulho da própria identidade podem ajudar a enfrentar e superar o racismo. Ao mostrar a jornada de Maalum em encontrar força e orgulho em suas raízes, o filme incentiva as crianças a serem empáticas e a combaterem o preconceito com compreensão e respeito.
Aqui você assiste o curta completo.
6) A pequena sereia (Live action)
A versão live action de "A Pequena Sereia", lançada em 2023, deu o que falar pois traz a personagem, que originalmente no desenho é branca, feita por uma atriz preta (Halle Bailey).
Essa decisão de elenco representa um passo significativo em direção à diversidade e inclusão na mídia, demonstrando que personagens icônicos podem ser retratados por atores de qualquer raça. Para as crianças, a lição sobre o combate ao racismo está na celebração da diversidade e na aceitação de diferentes culturas e etnias.
O filme incentiva a valorização da individualidade e ensina que todos devem ter a oportunidade de se ver representados nas histórias que amam, promovendo um mundo mais inclusivo e igualitário. O filme trouxe identificação com muitas meninas pretas que vibraram ao ver que a nova Ariel se parecia com elas, como você pode ver neste vídeo.
7) Cores e Botas, Juliana Vicente
Cores e Botas, dirigido por Juliana Vicente, é um curta-metragem que narra a história de Joana, uma menina preta que sonha em se tornar uma paquita, as famosas assistentes de palco do programa de televisão da Xuxa nos anos 80 e 90. Joana enfrenta obstáculos devido ao preconceito racial, pois as paquitas eram tradicionalmente meninas brancas de cabelos loiros. Com o apoio de sua família, especialmente de sua mãe, Joana luta para realizar seu sonho e desafiar os padrões de beleza e representatividade da época.
O filme ensina às crianças a importância da persistência, da autoestima e do orgulho da própria identidade, independentemente das barreiras impostas pelo racismo. Ao acompanhar a jornada de Joana, as crianças aprendem sobre a importância da representatividade e como é crucial combater os estereótipos e preconceitos raciais. A história promove a empatia e a compreensão, incentivando as crianças a valorizarem a diversidade e a apoiarem a igualdade racial.
Dicas Bônus:
8) Bino e Fino, Adamu Waziri
Este filme infantil sobre racismo é uma produção nigeriana que tem ganhado cada vez mais destaque nas TVs de todo o mundo. Bino & Fino narra a trajetória de dois irmãos gêmeos que vivem na África subsaariana que, ao lado de sua amiga, a borboleta Zeena, vão descobrindo aspectos diferentes sobre o mundo, a vida e a história do continente onde moram. Um desenho animado lindo, que aborda o preconceito e o racismo de maneira leve e divertida.
A versão dublada do desenho pode ser vista aqui.
9) Disque Quilombola, David Reek
Um curta-documentário de 13 minutos que retrata a vida de crianças que moram no Espírito Santo e conversam de um jeito descontraído sobre como é o dia a dia em uma comunidade quilombola. Por meio de uma brincadeira infantil - o telefone sem fio - os dois grupos falam de suas raízes, das semelhanças e diferenças encontradas de suas infâncias.
Clique aqui para assistir ao curta completo.
10) Zootopia, Matthew A. Cherry e Bruce W. Smith
Em uma cidade moderna habitada apenas por animais, Nick Wilde, uma raposa astuta, se vê obrigado a fugir após ser acusado injustamente de um crime. Judy Hopps, a coelha mais competente da polícia de Zootopia, é encarregada de encontrá-lo. No entanto, ambos não esperavam se tornar alvos de uma conspiração maior. Agora, precisam unir forças para evitar a prisão injusta e, nesse processo, descobrem que até inimigos podem se tornar aliados.
O filme foi aclamado pela crítica e conquistou o Oscar de Melhor Animação em 2017. A trama é uma poderosa alegoria sobre o combate ao racismo e a valorização da diversidade, sendo uma excelente oportunidade para discutir esses temas com as crianças.
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A Importância da representatividade cultural na construção da identidade
Em 2020, uma onda de manifestações contra o racismo e a violência policial tomou conta das ruas de diversos países ao redor do mundo. Os protestos surgiram após a divulgação do vídeo da morte do americano George Floyd, homem negro de 46 anos, asfixiado por um policial branco em Minneapolis.
A violência constante contra os pretos gerou comoção também na internet, com as publicações de fotos com fundo preto, acompanhadas pela hashtag #BlackLivesMatter - “Vidas Negras Importam”, em português - levantando a necessidade de promover conversas sobre o racismo estrutural e a representatividade dos negros na sociedade.
Casos como o de João Pedro, da menina Ágatha e de George Floyd nos mostram o quanto o racismo ainda está presente e a importância de refletir sobre os privilégios, a iniquidade e desigualdade existente não só no Brasil, mas no mundo.
Ao longo do desenvolvimento dos pequenos, existem diversos aspectos que influenciam não só em sua formação intelectual e cognitiva, mas também socioemocional. A representatividade, neste caso, tem papel fundamental na construção da identidade de uma criança, ou seja, no modo como ela se vê representada nos referenciais que recebe ao longo de sua formação.
Quando falamos em referenciais, abordamos o tema da experiência social na esfera pública - na educação recebida, no convívio familiar e também na cultura. Bonecas, livros, personagens, personalidades, filmes, músicas e desenhos, tudo isso ajuda a construir o repertório dos pequenos e impacta direta e indiretamente no seu desenvolvimento e autoestima.
Vale ressaltar que o modo como este referencial é retratado na cultura influencia a forma como vemos o mundo e como nos enxergamos perante ele; se o referencial for positivo, só tende a agregar, se for negativo, reforçará estereótipos já existentes na sociedade.
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